sábado, outubro 13, 2007

Discurso de formatura... Pelo menos para os meus pares...

Eu sei que muitas vezes nossas paixões são questionadas. Dúvidas que não partem de nós mesmos, mas que, se nos reviram, é porque nos assolam também. Questionam nossos esforços ou nossas motivações para tanto esforço. Há quem não se empenhe tanto para conseguir o que anseia e há quem se esforce muito sem saber o que anseia. No primeiro caso, acredito que haja uma dificuldade de se assumir uma paixão. Paixão nem sempre plausível, adequada, compassada, desejada, sensata, decorosa. No segundo caso, simplesmente falta uma paixão. São raros os casos em que pessoas da nossa idade têm a certeza dos fins e dos seus meios. Muitos escolheram a Faculdade de Direito porque ela propicia um grande número de fins, diversidade e a convivência com pessoas de sonhos diversosos e também incertos. Acredito, porém, que seja essencial nos questionarmos a respeito de qual seria nossa paixão. No meu caso, minha paixão não tem grande relação com o direito. Escolhi cursar a faculdade porque queria escrever. Mal sabia eu que pouco espaço me sobraria para a escrita do modo como eu a amo. Pouco espaço temporal e emocional. O direito, como nos é apresentado, desde que possuímos aquela aura que envolve todo calouro, consome muitas paixões. Não as alimenta, mas as absorve, fazendo pesar a concretude pessimista na leveza de nossos sonhos. Ou porque não concordamos com os dogmas, ou porque concordamos e não podemos aplicá-los na realidade que por vezes se mostra tão distante do dever-ser. Ou então precisamos de tempo para pensar esse direito que sempre vai um passo atrás da realidade e um passo à frente. Mas há tantos modos de se abordar o direito... Alguns deles se identificam melhor com aquela paixão muitas vezes ainda oculta. Pelo prisma daquilo que os estimula, algumas pessoas passam a ver o direito por meio da arte, da política, da prática jurídica, do esporte, dos devaneios... Enfim, pelos olhos ocultos de seus sonhos mais íntimos. Pelo modo como querem ver, pensar, comoverem-se, atuar no mundo. Porque também acredito que ninguém possa ser definido como jurista e exclusivamente como tal.
O que gostaria de provocar é esse questionamento, um questionamento que muitos identifiquem como sendo próprio. Por uma única vez ao menos, gostaria que pensassem nessa dúvida não pela voz de seus pais, de seus professores, de seus chefes, de seus amores, de seus fantasmas noturnos. Calem essas vozes e ouçam o que almejamos, o que amamos verdadeiramente. O mundo, depois disso, pode se tornar mais claro, mais promissor. E nós nos tornaremos mais fortes. Talvez o direito faça mais sentido enquanto instrumento que escolhemos adotar, ao menos a princípio, quando não integralmente. Como aprendizado de pensamento e atuação.

2 comentários:

Brisa disse...

Confissões de uma aluna de filosofia

"Ela não faz idéia, mas eu aprendi muito nas aulas dela. Aprendi muito com as inquietações compartilhadas, com os meneios de cabeça, com a vontade de nos tirar, por 45 míseros minutos, dessa vidinha tão reta e sem graça que as Arcadas nos guardam.

Aprendi muito com a pessoa que escreveu esse texto, pessoa de sensibilidade imensa, pessoa que sentiu o Direito como um embotamento. Aprendi muito com essa pessoa que não se deixou embotar.

Eu também me senti assim. Eu também senti que cada semestre a mais representava não um acréscimo de conhecimento, mas sim uma diminuição da crença na vida, no poder que a gente tem de fazer as coisas serem nossas. Eu também me senti - e me sinto, diariamente - quetsionada quanto às minhas paixões, quanto às minhas idéias, quanto à vida, tão fora do comum (mas tão mais iluminada e prazerosa) que eu quero levar.

Foi por causa dela que eu embarquei em um segundo semestre dessa aventura. E se eu não pude aproveitar essa Corrida Maluca tanto quanto eu gostaria, se eu não pude mostrar toda quinta-feira o quanto eu estava absorvendo, posso mostrar agora o quanto essa troca me fez crescer.

Laurinha, voce não faz nem idéia do quanto você me fez crescer. Você não faz idéia do quanto você me fez melhor. E eu não sei nem como agradecer."

Nathalie disse...

Laura Maria. Está dito. E encontra acolhida, até nos primórdios das vontades primeiras.