sexta-feira, novembro 13, 2009

Soneto do não amor

Com o esquartejamento lisonjeiro
Desmembra a mulher ao seu interesse.
Se quer ser livre, ela já o é, açougueiro.
Mas que voyerismo radical é esse?

Contenta-se em assistir a ácida cena
De seu amor a revelar a alma a ti oculta
Para o outro corpo que a ela não tem pena?
Pretensa a liberdade que te avullta!

Se perde o viço é porque viu sumir
Dos seus distraídos olhos o brilho terno.
Efêmero seu amor o fez iludir.

Distantes lembranças lhe são etéreas
E murcham como o colo de Duília
Poucas as canduras que são eternas!

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